O Brasil sempre fui uma poderosa referência mundial no combate da AIDS. Mas estudos recentes mostram que o país está vivendo uma nova onda de casos da doença.
Descubra o que tem gerado esse aumento nos casos, os exames preventivos disponíveis e o que é preciso ser feito para combater esta doença.
O que é AIDS?
A doença foi tema recorrente especialmente entre as gerações de pessoas nascidas até os anos 80. Mas a forte política de combate e prevenção, aliada aos avanços da área médica, parecem ter tirado os holofotes sobre a doença para as gerações mais jovens – o que certamente influi no aumento dos casos.
Por isso vamos recapitular: a AIDS é um conjunto de sintomas (ou síndrome em oposição a um vírus) causados pelo HIV, um vírus que ataca células do sistema imunológico – a defesa natural do nosso corpo contra doenças.
Se a AIDS se desenvolver, isso significa que o sistema imunológico está seriamente comprometido. Está tão enfraquecido a ponto de não poder mais combater a maioria das doenças e infecções. Isso torna o paciente vulnerável a uma ampla gama de doenças, incluindo:
- Pneumonia;
- Tuberculose;
- Infecção fúngica na boca ou na garganta;
- Citomegalovírus;
- Meningite criptocócica;
- Toxoplasmose;
- Criptosporidiose;
- Câncer, incluindo sarcoma de kaposi e linfoma.
A baixa expectativa de vida relacionada à AIDS não tratada não é um resultado direto da própria síndrome. Pelo contrário: é o resultado das doenças e complicações que surgem de um sistema imunológico enfraquecido pela AIDS.
Os tratamentos existentes hoje garantem uma boa qualidade de vida para os pacientes – o que talvez seja a chave para esse súbito aumento de casos. Sem ver o quão devastadora a doença pode ser – algo que era bastante comum entre as décadas de 80 e 90, as pessoas gradativamente deixaram de lado os cuidados de proteção básicos, abrindo espaço para o surgimento de novos casos de AIDS.
Sintomas ligados à infecção pelo HIV
Algumas pessoas portadoras de HIV não apresentam sintomas até meses ou mesmo anos após contrair o vírus. No entanto, cerca de 80% das pessoas podem desenvolver um conjunto de sintomas semelhantes aos da gripe, conhecidos como síndrome retroviral aguda, cerca de 2 a 6 semanas após a entrada do vírus no organismo.
Os primeiros sintomas da infecção pelo HIV podem incluir:
- Febre;
- Arrepios;
- Dor nas articulações;
- Dores musculares;
- Dor de garganta;
- Glândulas aumentadas
- Erupções de cor vermelha na pele;
- Cansaço;
- Fraqueza;
- Perda de peso não intencional;
- Tonturas.
Esses sintomas também se aplicam em casos onde o sistema imunológico está combatendo diversos tipos de vírus. No entanto, pessoas que experimentam alguns desses sintomas e passaram por alguma situação de risco na qual possam ter contraído o HIV devem fazer o teste.
Tipos de testes aplicados no diagnóstico do HIV
Hoje os laboratórios dispõem de vários exames preventivos de diagnóstico diferentes para diagnosticar o HIV. O médico é o responsável por determinar qual teste é melhor para cada pessoa:
- Testes de anticorpos / antígenos: mais populares, podem mostrar resultados positivos normalmente dentro de 18 a 45 dias;
- Testes de anticorpos: voltados para a verificação apenas nos anticorpos, são realizados através do teste de sangue ou de esfregaços na boca, sem a necessidade de qualquer preparação prévia. Alguns testes fornecem resultados em 30 minutos ou menos e podem ser realizados no consultório ou clínica de um médico;
- Teste de ácido nucleico (NAT): com um custo elevado, é voltado para pessoas que apresentam sintomas precoces do HIV ou têm um fator de risco conhecido. Esse teste é geralmente acompanhado ou confirmado por um teste de anticorpos.
Existe tratamento para a doença?
Atualmente existem diversos tipos de tratamentos antirretrovirais – e alguns deles podem até reduzir o HIV a uma carga viral indetectável. Embora esse tratamento possa garantir mais qualidade de vida e longevidade para os pacientes, infelizmente ainda não há cura para portadores de HIV ou AIDS.
Por isso, os exames preventivos têm um importante papel neste momento: o diagnóstico precoce evita que a infecção se agrave, abrindo espaço para as complicações relacionadas à AIDS.
AIDS no Brasil: entenda o cenário
O Brasil sempre teve um papel de destaque por sua forte resposta à epidemia de HIV. Seu papel junto às empresas farmacêuticas na década de 1990 permitiu a produção de versões genéricas de medicamentos antirretrovirais – o que reduziu os preços da medicação globalmente.
Somado a isso, o país tem uma política agressiva com relação à doença: seu governo é o que mais compra e distribui preservativos em todo o mundo e o fornecimento de tratamento antirretroviral gratuito a todos os adultos HIV positivos que procuram atendimento é realizado desde 2013.
Infelizmente isso não impediu o aumento dos casos: em 2010, o país concentrava cerca de 640 mil portadores de HIV. Em 2018, esse número subiu para 900 mil – cerca de 53 mil novos casos e mais de 15 mil pessoas padeceram vítimas de doenças relacionadas à AIDS.
A epidemia de HIV afeta principalmente os homens: cerca de 33 mil homens foram infectados pelo HIV em 2017, enquanto 15 mil mulheres enfrentaram as mesmas condições. A faixa etária é uma questão preocupante: durante a última década, o número de novos casos dobrou entre as pessoas com 20 a 25 anos e triplicou entre aqueles com 15 a 19 anos.
É por isso que o check-up médico é essencial também entre essa parcela da população: é através dos exames preventivos que o profissional da saúde consegue fazer um diagnóstico precoce, prescrever o tratamento mais adequado e garantir mais qualidade de vida por mais tempo ao paciente.