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Farmacogenética e o Tratamento de TDAH com Anfetaminas

FARMACOGENÉTICA E O TRATAMENTO DE TDAH COM ANFETAMINAS
por Carolina Dagli | 19/04/2024 | FarmacogenéticaMedicina de PrecisãoMedicina PersonalizadaNão categorizadoSaúde MentalTDAH

Os medicamentos à base de anfetamina são recomendados como o tratamento de primeira linha para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças e adolescentes. No entanto, há uma grande variabilidade interindividual na efetividade e tolerabilidade desses medicamentos, tornando o ajuste de dose um desafio para os médicos.

Uma possível explicação para essa variabilidade é a diferença no metabolismo das anfetaminas, que pode ser influenciado pelo perfil genético do paciente. Por isso, é importante entender como as variações genéticas, especialmente no gene CYP2D6, afetam a resposta ao tratamento.

Um estudo conduzido no Canadá buscou investigar se os fenótipos (metabolizador lento, intermediário, normal e ultrarrápido) previstos pelo genótipo de CYP2D6 estão associados à melhora dos sintomas e redução de eventos adversos em jovens tratados com anfetaminas. 

Métodos

O estudo envolveu 214 participantes com idades entre 6 e 24 anos e histórico de tratamento prévio ou atual com anfetaminas.
Os dados sobre a dose de anfetamina, duração do tratamento, adesão ao tratamento e uso concomitante de outros medicamentos foram coletados.
Amostras de saliva foram obtidas para extração de DNA e posterior genotipagem para o CYP2D6.
Para analisar os dados, foram empregados modelos de regressão logística binomial, ajustando-se por fatores como sexo, idade, dose, duração do tratamento e adesão, e corrigindo para fenocoversão, que é a alteração do fenótipo metabolizador devido a fatores externos, como interações medicamentosas.

Resultados

Metabolizadores lentos em CYP2D6 apresentaram uma chance significativamente maior de reportar melhora dos sintomas, comparado com metabolizadores intermediários (OR = 3,67, IC95% = 1,15-11,7, p = 0,029), após correção para fenoconversão e ajuste para sexo, idade, dose, duração e adesão.
Não houve associação estatisticamente significativa entre o fenótipo metabolizador de CYP2D6 e os eventos adversos relatados pelos participantes.

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Conclusão

O estudo demonstra, com dados reais, que crianças e adolescentes que são metabolizadores lentos para CYP2D6, seja por genótipo ou por fenoconversão, apresentaram maiores chances de ter melhora dos sintomas quando tratados com anfetaminas.
O estudo demonstra a importância do fenótipo de metabolizador do CYP2D6 como um fator significativo na resposta ao tratamento com anfetaminas em crianças e adolescentes.
Se replicados em estudos futuros, esses resultados poderiam embasar diretrizes de posologia mais específicas para esse grupo, otimizando a prática clínica.

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