por Carolina Dagli | 09/05/2024 | Farmacogenética, Farmacogenômica, Saúde Mental
O tratamento do transtorno bipolar ainda é um desafio na psiquiatria. Embora vários medicamentos já tenham sido desenvolvidos para tratar essa doença, cerca de 30 a 50% dos pacientes não respondem bem ao primeiro tratamento. O componente depressivo do transtorno bipolar é particularmente difícil de tratar e as chances de remissão reduzem a cada estratégia adicional de tratamento quando se utiliza a abordagem de tentativa e erro.
A farmacogenética é uma ferramenta que pode auxiliar na prescrição de um tratamento mais assertivo para esses pacientes, aumentando, assim, as chances de remissão. Neste sentido, o artigo desta semana relata os resultados de um estudo que avaliou a significância clínica do tratamento guiado pelo teste farmacogenético em pacientes chineses que sofrem com transtorno bipolar. O estudo pode ser acessado aqui.
Métodos do estudo
- Pacientes: foram incluídos 200 pacientes com transtorno bipolar, divididos em dois grupos: um grupo de teste (n=100), tratado segundo os resultados dos testes farmacogenéticos, e um grupo controle (n=100), tratado com métodos convencionais.
- Critérios de inclusão: pacientes de 16-65 anos; diagnosticados com transtorno bipolar; medicados pela primeira vez ou crônicos, com apenas 2 falhas de tratamento anteriores; com escore HAMD ≥20 pontos e BRMS ≥6 pontos; sem doença física grave; e que não utilizavam medicamentos que interagiam com os medicamentos do estudo.
- Critérios de exclusão: pacientes com mais de duas falhas terapêuticas no passado; pacientes com doença crônica cujo tratamento interage com os medicamentos utilizados no tratamento.
- Tratamento: selecionado por psiquiatras experientes, de acordo com a necessidade do paciente. São três opções: estabilizador de humor + antipsicótico atípico; estabilizador de humor isolado; ou antipsicótico atípico isolado. O tratamento poderia ser alterado pelo médico de acordo com o resultado do teste farmacogenético.
- Teste farmacogenético: foram testadas 56 variantes genéticas em 17 genes, incluindo CYP2D6.
- Acompanhamento: os participantes foram avaliados ao longo de 12 semanas utilizando a Clinical Global Impression Efficacy Index (CGI-EI) para mensurar a eficácia e os eventos adversos dos tratamentos.
Resultados
- Frequência de variantes genéticas: 98% dos pacientes do estudo apresentavam pelo menos uma variante genética que poderia afetar a efetividade dos medicamentos utilizados no transtorno bipolar.
- Troca de tratamento: dos 100 pacientes no grupo experimental, 77 (77%) tiveram sua prescrição alterada após o teste farmacogenético, principalmente devido a variações no gene CYP2D6, que é importante para o metabolismo de muitos psicoterápicos.
- Efetividade do tratamento: o grupo experimental mostrou uma melhoria significativa nos escores de eficácia em 4, 8 e 12 semanas em comparação com o grupo de referência.
- Eventos adversos: pacientes no grupo de teste apresentaram um escore significativamente menor para eventos adversos ao longo do estudo, indicando uma tolerância melhorada ao tratamento.
Leia também: Farmacogenética no tratamento do transtorno do humor.
Neste estudo, a farmacogenética demonstrou ser uma ferramenta muito útil para melhorar a assertividade do tratamento no transtorno bipolar nos pacientes chineses, resultando em uma maior efetividade e segurança do tratamento.
Os resultados sugerem que a integração de testes farmacogenéticos na prática clínica pode contribuir para a melhora dos resultados clínicos em pacientes com transtorno bipolar.
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